XV de Piracicaba – Na raça! XV empata em seu retorno à elite do Campeonato Paulista
Emoção do começo ao fim. Assim foi a estreia do XV de Piracicaba no Campeonato Paulista 2012. Empurrado por sua torcida, o Alvinegro empatou, na noite deste sábado, pelo placar de 1 a 1 com a equipe do Santos e mostrou que vontade não faltará a equipe ao longo da competição. O gol do Nhô Quim foi marcado pelo meio campista André Cunha aos 45 minutos do segundo tempo, em cobrança de pênalti que o próprio jogador sofreu.
Com o resultado, o time do técnico Moisés Egert dorme na oitava colocação, isso porque a rodada termina neste domingo, com mais quatro confrontos. Para o treinador, a equipe demonstrou um bom futebol e poderia sair de campo com a vitória. “Atuamos como uma grande equipe. Em nenhum momento deixamos de acreditar que merecíamos algo a mais. O time está de parabéns e vamos continuar trabalhando para melhorar”, comentou.
Autor do gol de empate, André Cunha ficou contente com sua atuação. “Estou muito feliz por ajudar o XV a conquistar um bom resultado hoje. Sai do banco e consegui, juntamente com meus companheiros, lutar até o fim e empatar a partida”, disse o meia.
O jogo
O XV começou a partida no campo de ataque e logo aos 4 minutos Alex Cazumba cruzou e Paulinho quase fez de cabeça. Três minutos depois, Vinicius Reis recebeu na entrada da área e chutou com perigo à esquerda de Aranha. Após a pressão inicial do Alvinegro, o Santos equilibrou a partida e levou perigo ao gol de Gilson.
E foi em jogada de contra-ataque que a equipe da baixada abriu o placar. Thiago Alves fez jogada pela esquerda e cruzou para Alan Kardec fazer 1 a 0 para o Santos, aos 32 minutos. O XV não se entregou e, aos 39’, Alex Cazumba acertou o travessão de Aranha após chute forte de perna esquerda.
Dois minutos depois, Renteria acertou uma cotovelada em Toninho e o árbitro, Thiago Duarte Peixoto, apenas advertiu o atacante com um cartão amarelo. Após o encerramento do primeiro tempo, os jogadores alvinegros protestaram contra a atitude conivente da arbitragem.
Na segunda etapa, os comandados do técnico Moisés Egert voltaram decididos a empatar a partida. Aos 4’, Cazumba cobrou escanteio e Diego Borges cabeceou no travessão. Oito minutos depois, Vinicius Bovi apareceu na direita e cruzou rasteiro para a chegada de Vinicius Reis que não conseguiu concluir a jogada.
O Santos era perigoso no contra-ataque e, aos 18min, Gilson fez grande defesa em cobrança de falta de Ibson. O XV respondeu nove minutos depois em grande jogada de Paulinho, que invadiu a área e chutou cruzado, Aranha fez milagre e no rebote Vinicius Reis chutou por cima do gol.
A insistência quinzista deu resultado aos 45 minutos. Paulinho tocou para André Cunha, que armou o chute e foi derrubado dentro da área. Pênalti que o próprio meio campista cobrou para empatar o confronto e explodir de alegria a torcida alvinegra. Final de jogo no Barão: 1 a 1.
Ficha Técnica
Campeonato Paulista 2012
1ª rodada
XV de Piracicaba 1 x 1 Santos
Local – Estádio Barão de Serra Negra, Piracicaba
Árbitro – Thiago Duarte Peixoto
Gols – Alan Kardec aos 32’/1T (Santos) e André Cunha aos 45’/2T (XV de Piracicaba)
Cartões Amarelos – Anderson Carvalho, Rentería, Alan Kardec e Crystian (Santos)
Público – 12.806 torcedores
XV de Piracicaba – Gilson, Vinicius Bovi, Toninho, Diego Borges, Alex Cazumba, Marcus Vinicius Lima( André Cunha), Adilson Goiano, Ricardinho, Anaílson (Savoia), Paulinho e Vinicius Reis (Cafú). Técnico Moisés Egert
Santos – Aranha, Maranhão, Vinicius Simon, Bruno Rodrigo, Emerson (Crystian), Anderson Carvalho, Ibson, Felipe Anderson (Breitner), Rentería, Thiago Alves (Thiago Luis), Alan Kardec. Técnico Táta
Fernando Galvão | Eduardo Castellari
Assessoria de Imprensa
Esporte Clube XV de Novembro de Piracicaba – Fundado em 1913
Foto: Assessoria XV de Piracicaba
04/12/2008 às 10:25 PM
ESTE FOI O O FOLCLÓRICO E CONTROVERSO PRESIDENTE ROMEU ÍTALO RÍPOLI, RAPOSA DO XV DE NOVEMBRO DE PIRACICABA
E Rípoli transformou Ditinho em Ditão
Se houve o que Romeu Ítalo Rípoli soube jogar, esse foi o jogo da vida. Pois a vida é jogo. E jogo é algo profundamente sério, parte da alma humana, elaboração do “homo ludens”. Os que não entendem pensam que jogo é algo menor, mas é ciência e arte que começaram a se compor desde que o homem saiu de sua caverna e descobriu ter um vizinho. Nos esportes, na ciência, na família, na convivência e na coexistência, há sempre um jogo. E são jogos sérios, pois tem regras definidas. O jogo acaba quando as regras são menos prezadas. Pois, então, vira bagunça, desordem.
Rípoli sabia jogar. Às vezes, pensava ser dono do jogo e, então, as coisas complicavam. Mas, dentro das regras, ele sabia como agir, como fazer, como recuar e atacar. O futebol, em toda parte do mundo, tem, fora de campo, um jogo de influências, de simulações e de dissimulações. Rípoli não apenas tinha consciência disso, mas era um especialista. Na verdade, já eram “regras do mercado”, mesmo antes de o Brasil tê-las oficialmente adotado.
Aconteceu na década de 1960. A Portuguesa Desportos havia revelado, em São Paulo, um zagueiro que se transformara sensação nacional, um gigante de ébano, o Ditão. Atlético, vigoroso, imponente, Ditão acabou transferindo-se para o Corinthians onde se transformou em ídolo da torcida e obteve consagração nacional. Pois bem. Ditão tinha um irmão, o Ditinho, com semelhanças físicas e também no estilo de jogar. E Ditinho iniciou sua carreira no XV de Piracicaba, sob a presidência do XV. Mas Ditinho era inexpressivo, em relação à fama e ao prestígio do Ditão, irmão mais velho.
E seria lá, isso, problema para Romeu Ítalo Rípoli? Pelo contrário: no jogo, era uma vantagem, a tal “prata da casa”, jóia rara, uma promessa real de grande jogador, como os clubes e empresários têm feito nos últimos anos. Rípoli fazia antes, visionário que foi. E começou a divulgar o nome de Ditinho: “É o novo Ditão.” E, em poucas semanas, já apregoava e anunciava: “É melhor do que o Ditão. O Ditinho é o do Corinthians; Ditão é o do XV. ” E já tinha planos para faturar em cima do garoto.
Diante de tanto barulho na imprensa, o Flamengo começou a se interessar pelo passe de Ditinho. Mas era interesse ainda pálido, tímido. Rípoli, no entanto, sabia jogar, tinha relações. Era grande amigo do então presidente do Santos, o influente Modesto Roma. E pediu ao colega santista que lhe fizesse um grande, um imenso favor: que, pela imprensa, informasse que o Santos estava interessado em adquirir o passe de Ditinho. E Modesto Roma participou do jogo: “O Santos está negociando o passe de Ditinho, um craque com muito mais categoria do que o Ditão, do Corinthians. São irmãos, mas Ditinho é mais jovem, mais habilidoso e tem grande futuro.”
Não deu outra. O vice-presidente do Flamengo – o suíço Gunnar Goransson, todo-poderoso presidente da multinacional Facit – se interessou, quis “passar a perna no Santos” e “atravessou” o negócio, para alegria e felicidade de Romeu Ítalo Rípoli. Resultado: o Flamengo comprou o passe de Ditinho que nunca chegou a ser Ditão e, além de pagar um dinheirão, o Gunnar Goransson fez a Facit financiar e montar todo um esquema para o XV de Piracicaba excursionar à Europa.
O dr.Thomas Caetano Rípoli, filho querido de Romeu, lembra-se de tudo isso e, entre orgulhoso e ainda assustado – pois foi testemunha ocular das entranhas do jogo – conta das peripécias do pai. De vice-campeão paulista, de clube e time conhecidos na Europa, de clube e time respeitados no Brasil todo – a uma dramática saga de estar na divisão dos pequeninos….
Rípoli liderava e, em torno dele, a cidade, o povo, empresários mobilizavam-se com confiança e entusiasmo. Rípoli sabia que, no jogo do desenvolvimento da própria Piracicaba, o XV, o “Nhô Quim” era a grande marca, a griffe especial.
Fonte: Cecilio Elias Neto
04/12/2008 às 10:34 PM
MAIS UMA DO FOLCLÓRICO E CONTROVERSO PRESIDENTE ROMEU ÍTALO RÍPOLI, RAPOSA DO XV DE NOVEMBRO DE PIRACICABA.
AS CHAMADAS RIPOLIOANAS
Ninguém escapou às aprontadas de Rípoli. Nem o filho
Provocando a peixeira de alagoano
Ninguém escapou às aprontadas de Romeu Italo Rípoli. Nem o filho Caetano. Ou melhor: especialmente o Caetano, filho “hóme” de Romeu Ítalo Rípoli, não conseguiu fugir às invenções, arrumações, aprontadas que ele fazia. Aconteceu em Maceió, onde Caetano morava, atuando em sua especialidade científica na área agronômica. Querido na sociedade alagoana, o casal Caetano e Lúcia Rípoli participava das atividades locais, era requisitado para festas, encontros. Até que, um dia, o presidente de um dos principais clubes alagoanos, o CRB, descobriu que Caetano Rípoli era filho do famoso Romeu Ítalo Rípoli, presidente do E.C.XV de Novembro. E foi a festa.
Pois o presidente do CRB, todo assanhado, quis porque quis, insistiu e grudou no Caetano, pedindo interferisse junto ao pai para emprestar alguns jogadores do XV para o time de Alagoas. Solícito e querendo prestigiar o filho hóme, Rípoli enviou três atletas para o CRB, convencido de que, assim, colaboraria para Caetano aumentar ainda mais suas relações alagoanas. Entre os jogadores, estava o Joãozinho Paulista, que Romeu Rípoli inventava ser o “sucessor de Pelé.” , só que era reserva no time do XV. E Joãozinho se tornou artilheiro do campeonato alagoano. E ídolo da torcida.
O valor do empréstimo não estava sendo pago pelo CRB e Rípoli não pressionava muito. Mas sabia que o XV, pelo Campeonato Nacional (antigo Brasileiro) iria jogar em Maceió, justamente contra o CRB. E lá embarcaram todos, Rípoli e o time do XV para a terra onde Caetano morava. Toda a imprensa de Maceió foi recepcionar o polêmico presidente e sua famosa equipe. E Rípoli, ainda no aeroporto, mandou brasa: “Vim aqui em Maceió, pessoalmente, para ver o meu time dar uma sova no CRB e, também e especialmente, para cobrar o calote que estou levando do presidente dessa equipe pelo empréstimo do Joãozinho Paulista.” Foi um fuá. E Caetano Rípoli enlouqueceu, pensando no que haveria de acontecer para ele e sua família, assim que o valentão do pai se fosse embora. Afinal de contas, Maceió é terra de gente valente, com “peixeira” na cintura.
Caetano, tremendo, tentou conter o o papai Romeu: “Pai, você está em Alagoas. Você já ouviu falar em peixeira, em machismo alagoano, em honra de cabra macho? Eu moro aqui, caramba! E se eles vierem por cima de mim?” Mas Rípoli, o peito estufado e um sorriso maroto no rosto, entrou no carro do filho e falou: “Fique frio! Esta entrevista vai render para nós”. E no noticiário da noite do Jornal Regional de Maceió saiu o ofensivo e provocante pronunciamento.
Não levou 20 minutos e lá estava o presidente do CRB esmurrando a porta da casa de Caetano Rípoli, filho do presidente valentão. O homem entrou bufando, nem sequer olhou para o dono da casa, mal cumprimentou Lucia e partiu para xingação pra cima de Romeu Rípoli. Que, enrolando o cigarrinho de palha, começou a gargalhar e desmontou o presidente machão do CRB.
E antes de se apresentarem formalmente, de se sentarem e tomarem uma cervejinha, Rípoli falou para o colega de Maceió: “Presidente, depois que nos conhecermos melhor aqui, você vai aos estúdios da TV Gazeta e desce o cacete em mim.Diga que a honra do CRB precisa ser lavada, mas sem violência. Que se lave essa honra lotando de torcedores o jogo no Estádio Rei Pelé. Teremos uma baita de uma renda, você me paga o que me deve e todos ficaremos felizes…”.
Não deu outra. O jogo XV e CRB, que terminou com empate de 1 a 1, teve uma das maiores rendas daquele ano em Maceió. Rípoli voltou, a Piracicaba, com o dinheiro que lhe era devido, e Caetano Rípoli foi empossado diretor de Esportes Náuticos do CRB, com direito a coquetel de apresentação e “oba-oba”…
04/12/2008 às 10:40 PM
Em todas a suas atividades, Rípoli fez prevalecer sua inteligência aguçada.
ERA OU NÃOERA CONTROVERSO?
Há algum tempo, escrevi sobre a “filosofia do eu sei”. E foi com o Rípoli que aprendi a importância – nas lutas políticas – de se enfrentar adversário sempre aguardando ser apunhalado pelas costas. Há uma diplomacia do “eu sei”, um certo saber a respeito do outro, um pouco de saber das coisas.
Certa feita, foi Romeu Ítalo Rípoli quem nos deu – a jornalistas e políticos, também a pessoas comuns – uma saborosa lição sobre a força, o poder dessa diplomacia do “eu sei”, aliás, hipócrita como qualquer diplomacia. Mas sábia. Convenhamos: o que é, a civilização, senão a forma elegante de viver hipocrisias, evitando tragédias maiores e carnificinas permanentes?
Um dos exemplos: em vez de roubar-se a mulher alheia – como se fazia nas cavernas – o homem civilizado criou a lei da conquista. Ao haver ofendidos, tentou-se substituir assassínios enlouquecidos – transformados em coisa de bárbaros – por duelos civilizados ou atitudes mais gentis. Arthur fingiu não saber da paixão de Guinevère por Lancelot. Ninguém morreu, Lancelot perdeu. Nas cortes, tudo se resolvia entre muros.
Voltemos ao Rípoli, à sua diplomacia do “eu sei…” Em 1976 – o XV já consagrado como vice-campeão do futebol paulista – Rípoli, com popularidade incontestável, aceitou ser candidato a Prefeito de Piracicaba. Chegar à Prefeitura era-lhe o grande sonho, irrealizado. Pesquisas eleitorais davam-no como imbatível. Penso que, se ele tivesse ficado em sua casa – calado e sem cometer as mais incríveis sandices políticas – talvez, tivesse conseguido, sei lá. Rípoli, como sempre, falou demais. E perdeu.
Mas não é esse o assunto. A luta política era intensa e Rípoli, um homem controvertido, polêmico, uma candidatura complicada. A imprensa estava dividida, mas as rádios eram-lhe claramente hostis, fosse ele candidato ou não. A paixão pelo XV despertava reações radicais. E uma das emissoras decidiu promover um debate público com os candidatos, começando por Romeu Ítalo Rípoli. Foi na “Sociedade Italiana”.
E a promessa de alguns debatedores era a de um massacre, de linchamento moral, de tiro ao alvo, misturando política com vida privada, um salve-se-quem puder. Haveria uma armadilha política e um momento de vingança. Havia sede de sangue. O povo lotou as dependências do clube, lembrando os romanos na arena, torcendo mais para as feras do que para o gladiador. Ou público de tourada, à espera de sangue, do touro ou do toureador.
Estranhamente, Rípoli estava calmo, como se indiferente ao que lhe fosse perguntado. À espera de ser chamado, ficou enrolando o cigarrinho de palha. Ao ir ao palco, cumprimentou cada um dos debatedores. Mas de maneira estranha. Abraçava um por um, falava-lhes coisas no ouvido. E eles, contrafeitos, voltavam a se sentar. Ninguém entendia. As feras, a cada cochicho do Rípoli, ficavam dóceis feito cordeiros. Tão dóceis que fizeram perguntas como se dirigidas à Branca de Neve. Rípoli usara a diplomacia do “eu sei…” Cochichando, dava o recado: “Eu também sei de você…” E contava, no ouvido, o que ele sabia. Rípoli foi um especialista na arte dessa diplomacia do “eu sei…” Ainda que hipócrita e apesar dos tolos – ela consegue, ainda, impedir o retorno à lei das selvas.